Tudo começa no seu momento diário com Cristo...

Um bom conselheiro é em primeiro lugar um bom aconselhado
Você já considerou que talvez seja o pior ou o melhor conselheiro para si mesmo? Todos os dias, você fala consigo mesmo a uma taxa estimada de 1.000 a 3.000 palavras por minuto. Dependendo do que você diz para si mesmo, isso pode ser um problema real, porque você é o seu melhor ou pior conselheiro. E se você quer ajudar os outros, você precisa receber conselhos regularmente para saber como aconselhar. É verdade: o bom conselheiro precisa começar por ser um bom aconselhado.

Na verdade, você deve sentar-se aos pés do Maravilhoso Conselheiro e permitir que Ele traga tanto o consolo quanto a mudança necessária em sua vida. Muito antes de existirem terapeutas e profissionais de saúde mental, Deus estabeleceu o aconselhamento por meio da Sua Palavra.  De fato, Ele criou o homem para ser dependente do Seu conselho (Mt 4.4). Quando Adão e Eva rejeitaram o conselho de Deus, a angústia veio logo a seguir (Gn 3). Na Bíblia, Deus nos deu o Seu conselho revestido de autoridade e suficiente para a vida e a piedade por meio do pleno conhecimento de Jesus (2Pe 1.3). Jesus enviou o Espírito Santo para que seja o nosso consolador e conselheiro (Rm 8). 

 Encontro muitas pessoas que passaram anos estudando a Bíblia e ainda acham difícil relacionar os textos bíblicos que conhecem com os problemas que precisam resolver. Enquanto a verdade bíblica é a base para todo conselho piedoso, conhecer a verdade e aplicá-la não são a mesma coisa. Se você deseja ajudar os outros, é vital saber como apropriar-se da verdade e aplicá-la aos pontos difíceis da sua vida.

Transformação pela renovação da nossa mente
As Escrituras dizem que somos transformados pela renovação da nossa mente (Rm 12.2). É na arena da mente que testamos e aprovamos a vontade de Deus. Um dos aspectos mais importantes de aconselhar a si mesmo é tornar-se ciente de que, na nossa mente, cada um de nós fala consigo mesmo o dia todo. No entanto, é ainda mais importante reconhecer que ouvimos a nós mesmos!

Várias vezes, a nossa conversa interior é um monólogo baseado em engano, em verdades parciais ou em mentiras descaradas. Deus quer que dialoguemos com Ele, substituindo todas as mentiras pela Sua verdade. Nossos pensamentos devem ser examinados e confrontados com o que Deus diz que é verdade a respeito dEle, a nosso respeito e a respeito do nosso mundo. Isso é vital porque o que pensamos revela o que acreditamos e isso determina como vivemos.

O apóstolo Paulo escreveu: “Destruímos argumentos e toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento, para torná-lo obediente a Cristo” (2Co 10.5). Isso é algo ativo. Somos chamados a refutar ou a nos opor a qualquer pensamento que busque contrariar ou colocar-se acima daquilo que Deus diz ser verdade. Devemos colocar todo pensamento sob o controle de Deus e ensinar nossa mente a obedecer a Cristo.

São necessários tempo e esforço para reconhecer nossos padrões de diálogo interior e para desmantelar e substituir as mentiras e incredulidades uma a uma. No entanto, as Escrituras não apenas expõem os nossos pensamentos, mas também expõem as motivações e as intenções do nosso coração (Hb 4.12). O Espírito de Deus trabalha por meio da Sua Palavra para expor os nossos desejos mais íntimos e fazer uma cirurgia em nosso coração. À medida que examinamos os nossos padrões de pensamento, começamos a ver o que está impulsionando os nossos pensamentos e comportamentos. O aconselhamento de nós mesmos não apenas revela e muda nossos pensamentos e comportamentos, mas também revela os ídolos do nosso coração e nos reorienta para adorar ao Único Deus, vivo e verdadeiro.

Busque sabedoria com outros
Um bom conselheiro também é um bom aconselhado que busca a sabedoria junto aos outros. Nós nos enganamos com facilidade. Muitas vezes ficamos desencorajados. A graça de Deus nos leva a fazer parte de uma nova família, na qual somos chamados a consolar uns aos outros e carregar os fardos uns dos outros (2Co 1.3-11; Gl 6.1, 2). É importante não apenas aprendermos a carregar os fardos dos outros, mas também pedirmos que os outros nos ajudem a carregar nosso fardo quando ele for muito pesado.

É preciso humildade para pedir e receber conselhos de outras pessoas, mas a humildade é exatamente aquilo de que precisamos se quisermos ser úteis aos outros. Estar aberto para receber o conselho dos outros é muito importante justamente por causa do engano do pecado em nosso coração (Jr 17. 9; Hb 3.12, 13). Precisamos que os outros considerem nossa vida e se expressem para que reconheçamos o que não podemos ver sozinhos.

Aconselhar a nós mesmos é um estilo de vida
Aprender a aconselhar a si mesmo não é um evento do tipo “uma vez e acabou”. É um estilo de vida. O apóstolo Paulo escreveu: “O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura” (1Tm 4.8).  Mais tarde, Paulo reforçou essa ideia novamente: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção e para a instrução [treinamento] na justiça, para que o homem de Deus seja apto e plenamente preparado para toda boa obra” (2Tm 3.16, 17, ênfase minha).

O que é esse treinamento na piedade e justiça? Essas palavras carregam a ideia de uma prática intencional e repetitiva. Trata-se de aprender a contemplar a beleza de Cristo e reconhecer o Seu valor acima de tudo (2Co 3.18). Além disso, é ter um plano de ação para dar os passos seguintes e fazer as mudanças necessárias para nos assemelharmos mais com Cristo e glorificar a Deus. À medida que “praticamos” o aconselhamento bíblico em nossa própria vida, ganhamos sabedoria e convicção para ajudar os outros. Visto que nosso próprio coração nos acompanha em cada caso de aconselhamento em que nos envolvemos, lidar com nosso próprio coração antes de aconselhar os outros é de extrema importância.

Quem é o conselheiro bíblico sábio?
Quem é o conselheiro bíblico sábio? O cristão que está aprendendo a aconselhar a si mesmo com a Palavra de Deus, dependendo do Espírito Santo e estabelecendo uma interdependência com o povo de Deus. A Bíblia está repleta de mandamentos para caminhar ao lado de outros e para aconselhar, instruindo, encorajando, confortando e admoestando nos caminhos de Deus. Por quê? Porque a vida é difícil, e nós precisamos de ajuda e esperança para a jornada.

Dar e receber orientação espiritual e consolo sempre foi um requisito da vida cristã como parte do fazer discípulos. Atualmente, a cultura tem incentivado o “aconselhamento profissional” e a igreja tem falhado em atender ao chamado para que nos aconselhemos mutuamente e equipemos os santos para praticarem o “uns aos outros”. Um conselheiro bíblico usa os meios “comuns” da graça, a Palavra de Deus, o Espírito Santo e Seu povo para se tornarem meios extraordinários de conforto e mudança quando aplicados pela fé. Um conselheiro bíblico anseia por ver a glória de Deus revelada na Igreja quando Seus filhos compartilham seus pecados e lutas com o sofrimento, e caminham juntos nessas lutas.

Em resumo, o bom conselheiro bíblico
1– Recebe conselhos ao sentar-se regularmente aos pés do Maravilhoso Conselheiro.
2– Sustenta a autoridade e suficiência das Escrituras.
3– Confia na direção do Espírito Santo.
4– Busca sabedoria junto ao povo de Deus.
5– Entende a influência de seu próprio coração ao dar conselhos e, portanto, lida de forma ativa e continua com seu próprio coração.

Perguntas para autoavaliação
1– Como você tem aconselhado a si mesmo? Você está ciente da sua conversa interior? Pense em uma área de luta em sua vida. Durante uma semana, escreva em “frases curtas” seus pensamentos sobre a luta. O que você descobriu sobre o tipo de conselheiro que você é para si mesmo?
2– Que circunstância ou sofrimento em sua vida afetou mais você e como isso pode ajudar ou prejudicar seu ministério de aconselhamento?
3– Com qual pecado você lutou em sua vida e como isso pode ajudá-lo ou prejudicá-lo no aconselhamento?
4– O que as pessoas estão se expressando sobre a sua vida? Seus principais “conselheiros” estão comprometidos com a autoridade e suficiência da Palavra de Deus e estão dependentes do Espírito Santo?
5– Que passagens ou histórias das Escrituras o relembram da beleza de Cristo?
6– Que compromisso você está disposto a fazer para ser um melhor conselheiro de si mesmo e, consequentemente, tornar-se mais equipado para aconselhar os outros?

Brenda Payne é conselheira bíblica na Calvary Chapel em Chattanooga, Tennessee. É fundadora de Known Ministries. Brenda é apaixonada por conectar as mulheres à cruz de Cristo para consolo e mudança, e também por treinar pessoas para que façam o mesmo.

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Original: Counseling Starts with You: A Reflection on Self-Counsel
Artigo publicado por Kevin Carson.